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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Sonhos Voláteis e Imprecisos

Pessoas felizes, que davam as mãos umas as outras, sorriam despreocupadas ao saudar um novo dia que logo iria nascer. As plantas permaneciam descansadas e devidamente regadas, e seus frutos continuavam quietos, porém implorando para serem colhidos e apreciados. Parecia que as respostas já não eram mais necessárias, ninguém precisava delas naquele momento. Tudo que por ali era vivido, já era o bastante. Estava tudo no seu devido lugar.
Ah, eu também estava por lá. E olha que é bem difícil alguém azarado como eu, vagar por essas bandas. Eu quis, criei e pude ter você. A realidade do seu sorriso rebatendo o meu, era grande o suficiente para que eu pudesse me perder por alguns instantes. A sua beleza era incomum e verdadeira, e por querer muito as marcas de suas digitais tatuadas por todo meu corpo nu, me forcei a acreditar que era tudo de verdade.
E então logo estava você do mesmo modo, parada em minha frente, com sua expressão completa me encarando, me fazendo chorar. Não por tristeza, mas pela poesia sedutora da pele de seu rosto, perfeitamente imaginado e pintado. Eu quis sua aproximação, me esquecendo do poder de minhas vontades por ali, quando de repente seus lábios tocaram os meus num ritmo inesperado, fazendo daquele vazio algo inexistente.
O amor já não era mais tão impossível, e a dor que com ele vinha já não me parecia tão irreversível. Meus tormentos e minhas magoas haviam voado pra longe. A vontade de me entregar a algo conhecido, porém novo, era realmente muito excitante, principalmente quando voce que me despertava essa cobiça.
Já estou com saudades, porque me vi tendo que viver na ausência de algo que nem ao menos existe, mas que sei que necessito urgentemente. E enquanto meus olhos não são preenchidos da paz e do paraíso de sua presença e meus lábios ainda tiverem que dormir na falta dos seus, continuarei a escrever coisas que nunca serão lidas por ninguém.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Manual Do Esquecimento

Devo precisar escrever. Certas coisas fazemos por fazer, outras por dever, outras simplesmente por poder. Devo ter uma grande necessidade em fazer isso, que eu certamente não entenderei tão brevemente.

Um idoso cantou em meus ouvidos sábias palavras, que afirmavam em sua voz serena, que só esquecemos uma mulher quando a transformamos em literatura. Meu vazio se unificou com o pouco que me restava, ainda formando um quase nada. Achei que o tempo era o nosso grande amigo, e que era ele o único capaz de apagar – ou deixar falecer – qualquer coisa.

Passei vinte e cinco anos de minha vida esperando uma resposta para minhas dores e angustias solitárias, para as pequenas perguntas que dominavam o controle do meu corpo e da minha mente, e a solução era algo tão pequeno e pouco. Não é justo. É mentira.

Tentei milhões de vezes descrevê-lo, mas sempre havia uma falha. Eu realmente quis, achei que isso pudesse me libertar, mas eu não consegui dizer exatamente como que é. Pude dizer como meu corpo reagia, como o mundo girava e até tudo aquilo que eu queria que pudesse ser possível. Mas não posso, não sou capaz de descrever o amor em sua essência.

Descrever sentimentos não te torna alheia a eles. Não os faz menos presentes, talvez ate os faça mais intenso. E quando se ama, garanto que tudo é extremo. O grande problema não é ter de lidar com aquele sentimento concreto existente, mas sim com o medo inventado de que aquela será a ultima vez que iremos poder senti-lo. E esse medo, consome tudo aquilo que há de integro em nós até ir sumindo.
Acredite, ele some. E, mais que isso, você provavelmente irá encontrá-lo novamente em alguma outra história de amor.

Não suspire muito fundo. Existe ainda uma longa estrada pela frente, que vem instantaneamente junto à carência. E é aí que nos deparamos com outra coisa que a literatura não pode mudar: aquela saudade sem fundamento. Aquele vazio sem explicação, uma sensação de perda inteiramente relevante, mas que não nos desprendemos. Estar com a pessoa amada já não é o bastante e, ao mesmo tempo, estar sozinha parece muito insuficiente.

Logo em seguida nos lembramos que temos que viver, e como que se vive. Quando até aquela lembrança mais vaga já deu um jeito de partir, a vida cobra de nos mesmos uma revanche, e não podemos recusar. Acreditar que superamos de verdade talvez seja a parte mais difícil de tudo isso. Outros passam a desacreditar no amor, a ignorar o provável sentido da vida.

Na maioria das vezes, queremos desistir. Na minoria das vezes, lutamos pela felicidade.

Nas duas opções, de alguma maneira, levamos muitos tapas na cara. Seja da vida, do amor ou de nos mesmos.

Nesta terra maldita em que vivemos, não há tempo pra pensar, não há momento nenhum no qual podemos descansar, muito menos desistir de uma batalha só por se sentir cansado.

Imagine a vida como uma luta livre. Agora imagine isso dez vezes pior.

Se não nos levantamos, se não reagimos, se não nos mantermos firmes, nós veremos o breu da pancada e a pior escuridão: a derrota mansa e aceitada.


Juro pra vocês que felicidade existe. Eu já vi. Já ate senti e pude dar a alguém. Mas, quando a felicidade foge, por que não correr atrás dela? Ela implora pela nossa atenção.
Quando os dados forem lançados novamente, não cruzem os dedos ou rezem baixinho pelo canto da boca.


Apenas acreditem.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Frutos Extremamente Cômodos

Surpreenda-me. Retire qualquer vestígio de ar do meu peito. Deixe-me sem respostas prontas. Faça-me perder noites de sono pensando em você. Não me ligue, porque eu quero esperar incansavelmente suas ligações que não chegam.
Quero me lembrar daquela sensação de estar próximo de algo que não resisto e que preciso cuidar. Lembrar-me como que é perder ou se perder por alguém. Estar perto, colado, e ainda ter a impressão de que pode escapar.
Impressione-me. Guarde seus truques pra quando eu estiver desprevenida. Fale-me qualquer besteira sincera para que eu possa dormir sorridente. Fuja de vez em quando, porque às vezes faz bem sentir um pouquinho de saudades.
Quero sentir um calor na hora mais imprópria do dia, e poder dividi-lo. Espere-me por um minuto, é o que eu preciso para estar pronta. Há muito não penso nisso, há muito desacredito em coisas assim. Mas algo me faz querer mais. E querer mais, é querer isto. E isto, eu sei, é amor.
Abrace-me, me faça esquecer de que a vida é feita de tantas dores. Lembre-me de que podemos ser felizes livremente. Quero sua mão, vamos aproveitar enquanto o sol não está se pondo. E agora sorria, estamos a um passo do paraíso.

domingo, 14 de novembro de 2010

Ouvi você dizer "sim".
Depois achei que tivesse dito "não".

Só que acho que esqueci de me lembrar
que voce também poderia ter dito "talvez".

E, pra não ter dúvida, fiquei quieta.
E acabei "abrindo mão"



Merda.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Eu Fico Com A Saudade, Você Com Outro Alguém

Eu perdi toda a minha ingenuidade, porque eu me senti forçada a provar pra ela que eu era madura o suficiente pra me entregar. Eu avancei no tempo, vivi vidas em anos. Comecei tudo muito cedo, concluí tudo muito rápido, intensifiquei momentos ordinários. Eu chorei quando não senti angústia, e morri várias vezes quando descobri como é que a dor é de verdade. Virei doses e doses de tequila pra poder esquecer o jeito que ela me admirava, e acabei descobrindo que todos os porres que eu tomei quando queria esquecê-la, apenas me fizeram lembrar mais.
Eu abri mão do que eu achei ser menos importante, machuquei pessoas que eu nunca tive a intenção de magoar. Inventei na minha realidade um mundo de conto de fadas, com princesa, príncipe e vilões. E acabei nulo como ele, quando pude distinguir que sonhos também podem ser destruídos quando não cuidamos deles, assim como qualquer outra coisa. Sentia-me saudável o bastante para cruzar o oceano por ela, mas me afoguei ao entrar na água.
Eu poderia abraçá-la pelo resto de minha vida, se eu ainda tivesse forças para isso. Quando ela beijava meus lábios frios, milhões de perguntas sempre me apunhalavam. Acho que o que me fez perder a coragem, foi descobrir que assim como tudo, o amor também se vai, se consome e some... e as vezes até se encontra de novo. Sendo essa ultima a menos possível de acontecer.
Fui eu quem terminou com ela, quem correu e quem chorou abrigada no vão da escada. Em nenhum momento da minha vida o meu coração esteve tão pisado como naquele. Algo em mim dizia que eu precisava ir embora, e outra parte persistia pra que eu continuasse. Eu era uma criança, não era aquela pessoa madura que eu tentei ser. Não sei como se readquire pessoas quando elas acabam se afastando por vontade própria.
Mas agora passou. Nem mesmo eu estou acreditando que consegui superar. Eu construi uma capa protetora que só eu posso arrombar. Coloquei na minha cabeça que nunca mais vou sofrer por ninguém, e espero conseguir. Acontece que seus truques ordinários já não têm efeito sobre mim, e suas mentiras já não são o suficiente pra me sustentar... eu queria mesmo era algo de verdade, algo que eu já não acho que voce possa me dar. Então, acho que se foi e ninguém percebeu.
Eu me perdi, não descobri o obvio, e acreditei em todas as mentiras aceitáveis. Eu não vi, nem senti, e não quis acreditar quando ela disse que era pra valer. Acho que eu errei quando quis tentar ver através de um vidro negro. Ou quando eu acreditei que tudo o que ela dizia fazia sentido. Ei, eu não a quero mais... e sabe por que? Porque eu descobri que eu sou uma pessoa muito melhor quando estou bem longe. Quando eu estou distante, as coisas funcionam.
Estávamos mesmo medindo audácias diferentes. Ela queria amor e eu, liberdade. E tudo o que eu queria dependia do meu suor, e foi ai que eu descobri que sou fraca demais pra coisas ligadas ao que se refere a sentimentos.
Foi aí que eu vi, que eu precisava mesmo dar uma desvirtuada.