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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Piração do Iniciante

Tenho medo desse sentimento. Não sei com que propósito veio, nem se pretende ficar aqui por muito tempo. Mas sei - e é isso que mais temo - que ele já está me dominando.
Mas espera aí! Não foi pra isso que meu corpo foi configurado, e nem é este o meu objetivo na terra. Não deveria sentir isso. E por ser tão forte e doente o que sinto, acredito que seja isto o que esteja me completando neste momento de infinito abandono. Gostaria de poder ouvir músicas antes de dormir, sem que isso me tirasse o sono.
Sua pele é lisa demais e sua boca, chamativa demais. Meus olhos desacostumaram a pousar em outros bosques. Meu coração se esconde mesmo apreensivo, como se não quisesse enxergar o que está por vir. Meus braços confusos se cruzam no vento e no vazio do meu redor. Sinto frio nos dedos.
Preciso me libertar, encontrar meu momento de lucidez. Mas de alguma maneira inexplicável meus desejos voam descontrolados quando te vêem. Não posso. Preciso manter minhas mãos fortemente fechadas para que a impulsividade de meus sentidos não me deixe constrangida. Não posso apenas tocá-la por tocar, seria um desperdício.
Caindo, rolando e rastejando. Como se meus próprios passos armassem armadilhas perfeitas, como se meu próprio corpo sentisse uma pontinha de felicidade ao se espatifar no chão. Como se tapas e socos apenas massageassem a pele gasta do meu rosto. Mesmo cansada, não sei como posso reagir.
O amor não é algo que possa ser medido, então parem de ficar comparando-o. Só existe um tipo. E, te confesso, não sei por onde ele anda! Minha cabeça gira, e ao olhar o que me cerca, percebo que já não há mais lugar algum no qual eu ainda eu possa me apoiar, nem que por poucos segundos.
Não posso exigir das pessoas que elas tenham caráter. Não posso – feliz ou infelizmente – moldá-las ao meu favor. Mas seria interessante se existissem aqueles tão famosos abraços, promessas e beijos sinceros. Talvez assim eu não acordasse desapontada no meio da madrugada, com a cabeça encostada no travesseiro úmido, com a sensação de que algo se foi.
Quando foi que eu pedi mais do que deveria? Acho que perdi o trem, e que acabei também me perdendo na estação. Esqueci pra onde eu ia e as malas no porta malas do taxi. Ou talvez eu só tenha esquecido que certas promessas não existem e que palavras são cuspidas o tempo todo por todo mundo.
Cansei de vagar desesperada atrás de coisas banais. O que tem acontecido com as pessoas? Será que ninguém se respeita mais? Volta pra me confortar com seus braços magros, mas só se for pra ser de verdade. Porque se não, o melhor que faço é aguardar até que o tempo me deixe recuperar algo que eu tenha deixado cair.
O vi passar. Juro que vi. Aparentava apressado e perdido. Talvez estivesse fugindo, ou quem sabe desesperado atrás de quem o possuía. Ah, é o amor... sempre nos deixando tontos ao tentar acompanhá-lo na sua agilidade maldita. Vai ver nós devêssemos simplesmente parar de tentar. Sim, deixar ele vir ao nosso encontro por acaso.
Mas quem foi que disse que se agüenta esperar quando seu coração mal bate de tão apertado, ou quando se está arrepiada numa noite de frio? Ou até mesmo quando nos pegamos chorando na pia do banheiro do bar, com a maquiagem borrada? Ele deveria ser menos cruel, concluo.
Melhor, deveria vir agora. Sem mais cuidados. Atingir meu peito no mais profundo e doloroso corte, para eu ter certeza de que ele não irá escapar. De vez. Permanecer aqui, tomar conta de mim, quando tudo o que tenho é aquele sentimento estranho, confuso. Diferente. Que não se pode nem se chamar de amor, nem de nada. Ah, eu não deveria estar sentindo isso...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

DESCULPE O TRANSTORNO

Queridos Leitores,
O Blog ficará durante algum tempo sem postagens!
Obrigada.



À Direção.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Conto Ao Contrário

Caminhando, indo sem rumo. Com os pés descalços, pisando em pequenas poças de chuva e suor e piscina e bebida...! Tão descontraída e amável. Em minha direção, falando como são admiráveis os meus cabelos e como se simpatiza com meu gênio. Ah, para com isso. Não posso ouvir o que tem a dizer... sou quebradiça demais. Você é a protagonista dos meus sonhos, dos meus delírios mais loucos, os quais não sei mais lidar. De vez em quando eu te provoco só para saber até onde você pode suportar. Mas no fundo, eu te quero aqui, bem perto de mim. Com os seus braços em volta das minhas costas despidas. Eu estou aqui hoje por ela, mas, meu amor, muito mais por você. E espero que não se importe com isso. Um beijo...estou embriagada mesmo, e você está bem encantadora hoje. Como sempre.
Pés molhados, bocas molhadas, testas molhadas. Ah, como eu queria mais alguns minutos aqui. Seus lábios me invadem, e eu adoro o jeito que você dança. Línguas, lábios, salivas, desejos. Só mais cinco minutinhos. Preciso aproveitar este momento. Tremer agora me faz lembrar como fico entorpecida diante dos seus feitiços. Você é uma pirralha. E mesmo assim, não consigo me afastar nem por um segundo do aroma da sua nuca. Traga-me a vida de novo.
Mantenha-me protegida por dentro, pois mesmo que eu não lhe dê essa segurança, eu preciso tê-la vinda de você. E eu ouvi falar que você está super bem, que não pensa mais em mim. Moedas, bilhetes, chicletes e meu celular tocando. Ah, mas quem me liga? Deixe-me viver esse momento, pela única vez que poderei. Tentei voltar, me explicar, mas você já não estava lá no escuro, nem no molhado. Em nenhum lugar. Cerveja, boldo, bala, tequila... e você de longe no mesmo estágio que eu. Tão perto, que me fez esquecer o quão fora do meu alcance está. Ah, e eu chorei, muito. E te fiz acreditar que era por outro motivo. Meu amor, agora eu estou indo. Pra outra cidade, pra fora da sua realidade.
Não, não, não... não quero olhar pra sua face afetuosa, ingênua, suave e linda. É disso que mais preciso me desprender.

sábado, 4 de setembro de 2010

Via Sacra

Estão todos gritando comigo. Tanto a ponto de eu não mais ser capaz de escutá-los. O que há de errado comigo agora? Talvez eu ainda esteja trocando os pés enquanto ando. Temo as conseqüências, por isso sempre adio sua chegada. Parem um pouco de olhar só para meus olhos derrotados e para a instabilidade de minhas pernas. Não sou perfeita, e ainda não tenho a fórmula mágica que possa me transformar em algo ideal para todos. Eu sou assim. E se já parou pra ouvir algo que eu tinha a dizer, talvez já devesse ter um antídoto para meus efeitos. Não sou cabeça dura. Apenas não sei como posso mudar meu jeito de ser. E acho que não sou a única. Não posso me obrigar a fazer o que não acho certo, nem proteger algo que desacredito. Também não sei como segurar minha impulsividade para não fazer coisas de momento. Não sei! Desculpa se eu não sei como se faz para inverter certas situações, ou até mesmo para blindar os outros dos resultados delas.
Eu não sou totalmente inocente nas minhas atitudes. Mas também não sou a única culpada. Somos todos vitimas de circunstâncias maldosas. Gostaria de ter ditos coisas que hoje vejo que não faziam sentido esconder, e também ter recolhido palavras que saíram impensadas. E como tantas outras coisas que não se pode consertar, o tempo vai voando despedaçado e melancólico. Não posso recuar, não posso avançar, não posso interferir na sua existência. Só posso ser guiada – ou perdida – por ele. E quanto a isso, nada posso fazer além de tentar alcançá-lo com minhas pernas dormentes. E nem isso eu consigo mais...
Chega de gritos histéricos perturbando o meu pensar. Preciso de calma para poder construir em mim uma estrutura sólida o bastante para não desmoronar. A altura do seu tom de voz não me faz escutar melhor o que diz. Pelo contrário, me faz cada vez mais não querer saber o que está dizendo. E não venha com essa sua hipocrisia barata para cima de mim. Eu sou humana. Eu erro, choro, sinto, e ainda sou mortal. Situações como esta não machucam a minha carne, porém, muito pior que isso, estraçalham minha alma. Me mostram minhas fraquezas e as expõem aos seus limites, mostram meus piores erros e os colocam em evidencia. Pegam meus sentimentos mais sinceros e delicados e os colocam a prova de fogo. Mostram a mim mesma, o pior lado que tenho e esfregam em minha cara. E enquanto isso, meu corpo permanece intacto. Sem nenhum corte, sem nenhum hematoma, sem nenhum vestígio. Continua aparentemente saudável, mesmo isso não significando absolutamente nada.
Perdoe-me pelos meus deslizes. Nem que esta seja a ultima vez que eu possa pedir misericórdia. Você adora dizer que eu sou orgulhosa, mas eu não sou tanto assim. estou admitindo um erro, e pedindo seu perdão. Existem certas coisas que são difíceis de falar, que machucam os outros, que são resultado de momentos egoístas. Eu fui atingida por um egotismo que nem eu mesma sabia que cultivava. E eu estou arrependida. Pensei no que fiz, no motivo que fiz, em que situação fiz, e analisei os fatos e suas conseqüências. E vi não valeu a pena. Enxerguei que estimei um valor para você que não era justo. Desvalorizei os seus sentimentos e suas conclusões lógicas. E agora irei remoer solitariamente esse final infeliz.
Me desculpe, fiz tudo errado de novo.






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E com o final esclarecido, fecho as cortinas. O sorriso de alguém da platéia pode me fazer acreditar que poderei me apresentar de outra maneira. Mas este sorriso está perdido. Só vejo braços cruzados e caras fechadas. Será que os fiz esquecer de minha essência?

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Ditos Empoeirados

Ando me sentindo um pouco idosa. Não exteriormente falando. É como se meus sentimentos estivessem desgastados, e tudo o que eu sentisse não me afetasse mais de maneira surpreendente. E mesmo conhecendo todo esse não-sentimento, ainda sinto algo frio em minha barriga. Tudo bem por mim, eu não espero nenhuma resposta disso. Do nada, a dor de ficar esperando certas coisas acontecerem fica menor. Até porque eu sei que eu não vou saber amar do jeito que eu deveria, e até gostaria. Eu sei que eu posso tentar ao máximo, mas também sei que não terei nenhum êxito. Mesmo que eu esteja precisando desesperadamente de amor nesse momento inoportuno, eu não o terei na sua forma mais perfeita e intensa. Então, pra que me enganar? Nada tem feito diferença, nada tem feito eu me sentir liberta da prisão de meus pensamentos. E não adianta me olhar com essa cara e dizer que sentiu saudades do meu cheiro ou do jeito que meus lábios tocam os seus. Eu não preciso disso. Não mais. Não vindo de você, assim, desse jeito. Você roubou minha consciência por alguns segundos, me fazendo acreditar que tudo o que eu precisava era você. Mas eu a retomei. E dessa vez não pretendo deixá-la escapar tão prontamente. E o mais impressionante é como você me fez cair em suas garras, até me acomodar. Eu não quero me acomodar! Nunca fui assim, e não há motivos para ser. Estar perto agora, só me faz querer fugir. E estar longe me faz querer procurar abrigo. E então, o que eu faço?
Existe algo em seus olhos que não me permite olhá-los a fundo. Você me dá arrepios. Mas eu não sou tão tola quanto eu pareço ser.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Frenesi

Sou tão incomum e ao mesmo tempo tão similar a todo o resto. É até engraçado quando certas vezes a gente se sente superior ou inferior ocasionalmente. Seria mais prático se toda essa babaquice que as pessoas acreditam, fosse transformada em outra coisa melhor. Amor, quem sabe. Ao menos respeito, para ser mais justa com os sem coração. Qualquer coisa que nos fizesse crescer um pouco mais, que não nos machucasse tanto. Me sinto até atraente quando passo minutos no espelho depois do banho penteando os meus cabelos úmidos. Secá-los durante meu instante vaidoso. Sentir o vento quente formigando meus ouvidos suavemente. Mas isso é o mais efêmero em mim no momento. Algo está faltando. Será que só eu percebo essas coisas? Eu não deveria estar aqui falando asneiras. Cadê? Quero encontrar algo que me sustende, que mantenha viva. Tem tanta gente que te vira as costas sem perceber. Às vezes é difícil mesmo notar que eu estou por aqui. Ah, mas isso não me parece correto, não! O tempo está passando loucamente. As pessoas, portanto, estão mudando mais rápido. De repente seu amor, é seu rancor. De repente uma saudade sem querer se transforma em repulsa... Eu estou sendo levada também. Sempre acontece de uma amizade virar coleguismo! Eu sei que isso acontece, já vi isso antes, e apesar de ser agora o momento em que eu mais preciso me apoiar, preciso prender o choro. Estamos num eterno desencontro. Rodopiando por aí, caindo sempre no mesmo lugar, no mesmo conflito, na mesma bobagem. E não adianta nem um pouco eu ter asas para voar se meus pés estão presos no chão. Chega disso, cadê aquilo que se passa a vida tentando cultivar, que se passa a vida remoendo por ter perdido? Como é que eu posso acreditar que eu estou completamente forte e disposta, com você me olhando tão vaziamente? Mas este é o meu ponto de vista, querida. E quanto a você? Veja só, agora está no meu lugar. Eu não acredito – e não entendo o motivo de minha descrença – que pense da mesma maneira que eu pensava quando estava por aí. Tudo esta bem. Estamos bem.

Olha para a gente... Não, não estamos!



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