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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Manual Do Esquecimento

Devo precisar escrever. Certas coisas fazemos por fazer, outras por dever, outras simplesmente por poder. Devo ter uma grande necessidade em fazer isso, que eu certamente não entenderei tão brevemente.

Um idoso cantou em meus ouvidos sábias palavras, que afirmavam em sua voz serena, que só esquecemos uma mulher quando a transformamos em literatura. Meu vazio se unificou com o pouco que me restava, ainda formando um quase nada. Achei que o tempo era o nosso grande amigo, e que era ele o único capaz de apagar – ou deixar falecer – qualquer coisa.

Passei vinte e cinco anos de minha vida esperando uma resposta para minhas dores e angustias solitárias, para as pequenas perguntas que dominavam o controle do meu corpo e da minha mente, e a solução era algo tão pequeno e pouco. Não é justo. É mentira.

Tentei milhões de vezes descrevê-lo, mas sempre havia uma falha. Eu realmente quis, achei que isso pudesse me libertar, mas eu não consegui dizer exatamente como que é. Pude dizer como meu corpo reagia, como o mundo girava e até tudo aquilo que eu queria que pudesse ser possível. Mas não posso, não sou capaz de descrever o amor em sua essência.

Descrever sentimentos não te torna alheia a eles. Não os faz menos presentes, talvez ate os faça mais intenso. E quando se ama, garanto que tudo é extremo. O grande problema não é ter de lidar com aquele sentimento concreto existente, mas sim com o medo inventado de que aquela será a ultima vez que iremos poder senti-lo. E esse medo, consome tudo aquilo que há de integro em nós até ir sumindo.
Acredite, ele some. E, mais que isso, você provavelmente irá encontrá-lo novamente em alguma outra história de amor.

Não suspire muito fundo. Existe ainda uma longa estrada pela frente, que vem instantaneamente junto à carência. E é aí que nos deparamos com outra coisa que a literatura não pode mudar: aquela saudade sem fundamento. Aquele vazio sem explicação, uma sensação de perda inteiramente relevante, mas que não nos desprendemos. Estar com a pessoa amada já não é o bastante e, ao mesmo tempo, estar sozinha parece muito insuficiente.

Logo em seguida nos lembramos que temos que viver, e como que se vive. Quando até aquela lembrança mais vaga já deu um jeito de partir, a vida cobra de nos mesmos uma revanche, e não podemos recusar. Acreditar que superamos de verdade talvez seja a parte mais difícil de tudo isso. Outros passam a desacreditar no amor, a ignorar o provável sentido da vida.

Na maioria das vezes, queremos desistir. Na minoria das vezes, lutamos pela felicidade.

Nas duas opções, de alguma maneira, levamos muitos tapas na cara. Seja da vida, do amor ou de nos mesmos.

Nesta terra maldita em que vivemos, não há tempo pra pensar, não há momento nenhum no qual podemos descansar, muito menos desistir de uma batalha só por se sentir cansado.

Imagine a vida como uma luta livre. Agora imagine isso dez vezes pior.

Se não nos levantamos, se não reagimos, se não nos mantermos firmes, nós veremos o breu da pancada e a pior escuridão: a derrota mansa e aceitada.


Juro pra vocês que felicidade existe. Eu já vi. Já ate senti e pude dar a alguém. Mas, quando a felicidade foge, por que não correr atrás dela? Ela implora pela nossa atenção.
Quando os dados forem lançados novamente, não cruzem os dedos ou rezem baixinho pelo canto da boca.


Apenas acreditem.

3 comentários:

  1. Incrível como toda pessoa que sente necessidade de escrever sofre como se tivesse muito mais idade do que tem!
    Esqueci de te dar parabéns nesse último mês! Feliz 25

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  2. Hahahaha. Na verdade, eu acho que eu não concordo com você. Acho que toda pessoa que ama e espera sofre como se tivesse mais idade do que tem. O tempo não existe para os que amam e são correspondidos. Para os que amam simplesmente, o tempo costuma ser muito presente e arrastado.
    Bom, é isso!

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  3. Eu gostei, na realidade, eu gostei bastante. O engraçado de ler seus textos é que eu sempre começo de forma distraída, aí me toco que eu não estou entendo porra nenhuma, tento mais uma vez e acabo embarcando de vez em uma das coisas que eu mais gosto de ler: você.

    Só uma observação: O amor é uma merda, mas antes de virar a merda, ele é a barra de chocolate favorita de cada um.
    Só mais uma observação: A felicidade é algo surpreendente, só não a confunda com a ausência da tristeza.
    Essa é a última, juro: Eu amo você!

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