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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Meu Codinome Beija-Flor. Só Meu.

Quando me vi, já estava lá filosofando comigo mesma, incrivelmente abismada com tamanha graça e ternura. Achei que eu fosse apenas um pássaro livre qualquer, mas de repente eu já estava encaixado em uma flor. Não era uma qualquer como eu, disso eu sempre soube. Entretanto, algo me fez voar pra longe, tão longe, que já nem poderia lhes dizer qual era gosto daquela florzinha.
Até sabia que algumas pétalas haviam sido arrancadas e que outras estavam murchas. Queria regá-la, mas nada podia fazer com toda aquela distancia. Conhecia seus planos, e nos meus sonhos, até ousei me incluir neles. Ah, como eu perdi minha cabeça...
Por culpa de uma tempestade, me abriguei no único bosque que tinha certeza estar a salvo. Por acaso, era o mesmo que temia encontrá-la.
E lá estava ela... tão desprotegida. A quem eu quero enganar? Eu também estava desacolhido e largado, muito mais que ela, acredito. Ao me aproximar, o meigo cheiro de seu pólen me extasiou e logo já estava me embriagando com seu sabor. Era tão doce, tão doce, que quanto mais me deliciava com tudo aquilo, mais algo amargo descia minha garganta. Era uma angústia inexplicável, mas não necessariamente ruim. Ah, tudo bem... eu estava com medo. Mais uma vez.
Quis tocar suas pétalas e poder cuidar delas do melhor jeito que pudesse. Era tudo muito frágil, e sabia que se algo acontecesse a ela, minha existência nada mais valeria. Mas me responde: o que é que eu sinto por você? Ou melhor, o que sente por mim? Ouvi você dizer que eu era exatamente tudo o que você sempre quis... mas acho que essa parte eu mesmo inventei e quis acreditar.
Senti meu coração bater quatro mil vezes em um só minuto, quando percebi que algo por ali era de certo modo recíproco. Não eram borboletas em minha barriga, eram apenas algumas milhões de historias nossas que haviam remexido meus sentimentos, eu estava completamente vulnerável. Completamente.
Ei, pássaros não falam. E isso não quer dizer que eles também não amem. O som do meu canto é muito agudo, e quase nulo. Mas, se por algum momento, alguém tentar ouvi-lo, o ouvirá com todo louvor e verá a pureza de cada tom. O problema é que a maioria das pessoas não se importa de verdade.
Sim, tudo isso foi apenas uma florzinha arrancada de um buque de flores maiores que me ensinou. E eu só queria estar ao lado dela, segurando delicadamente seu corpo.
Enquanto esperava seus olhos fecharem e ela cair num sono profundo, imaginei como seria no dia seguinte, quando ela não mais estivesse ao meu alcance.
Expliquem a ela, por favor, que essa de “um dia a gente se vê”, não serve pra mim.
Não há necessidade de ver o tempo passar... nem de ficar tentando fazer ele parar, ou voltar.
Reencontrei, e agora não se teria a mesma capacidade de voar.
Pra longe, por acaso...

"Quando me vi tendo de viver comigo apenas e com o mundo, você me veio como um sonho bom, e me assustei... não sou perfeito, eu não esqueço. A riqueza que nós temos, ninguém consegue perceber. E de pensar nisso tudo, eu, homem feito, tive medo e não consegui dormir"

5 comentários:

  1. Camila, gostei muito de seu texto. E por gostar muito de você, espero que este não seja mais um daqueles sentimentos que te magoa. Fico muito feliz em saber que você é capaz de descrever tão bem seus sentimentos e colocá-los de jeito brilhante em sua escrita. Espero que toda vez que passar por aqui, eu surpreenda mais com seus textos. Muito bom! beijos, Fê.

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